quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O dia que o tempo parou para mim

 por: Lucas T Borges



 
E lá estava eu sentado na varanda de casa, pensando em como eu pude ter esquecido minha bendita chave, algo que nunca havia acontecido até aquele momento. Fiquei tentando ligar para alguém do escritório para certificar que a chave estava na mesa, mas o sinal de celular como sempre estava terrível e como explicar o fato que nesse dia meus pais arrumaram de sair para uma reunião não sei onde. Eles que costumeiramente não costumam sair muito, mas claro no dia que eu esqueci a minha chave no escritório que fica do outro lado da cidade, meus pais também arrumaram algo que não estava no calendário, então eu já sem muita esperança de conseguir entrar em casa acabei por me acomodar em uma pilastra de madeira que sustenta a casa e a partir dali comecei a pensar, melhor meditar...será que eu ficara preso do lado de fora ou seria livre do lado de fora?


Resolvi pegar o carro e talvez encontrar algum amigo, pena que eu não tenho tantos amigos assim, então sabendo que os poucos que eu tenho estavam em suas determinadas faculdades, parti para a casa da minha avó, ótima companheira, alguém que eu não costumo ver com tanta frequência assim. Porém minha vó tem um problema sério de audição (também não curte usar o aparelho para surdez) e não ouviu a campainha tocar, é triste mas é a verdade, eu mais uma vez fiquei para o lado de fora. Pelo menos a casa do meu tio fica perto da casa da minha vó, parti para casa dele, toquei a campainha e...ele atendeu,ufa, agora eu teria aonde ficar. Dai me vi sentado em um sofá  assistindo a novela das 18:00, não aguentei muito tempo, resolvi ligar para casa da minha vó e ver se ela atendia, e surpreendentemente ela atendeu, parti de volta para lá, claro me despedindo educadamente dos meus tios. Minha avó havia feito bolo de cenoura com cobertura de chocolate, me deliciei e fiquei dando uma de bom neto que sou, mas a hora parecia demorar a passar, ainda mais assistindo a programação pifia da tv a cabo, então tive a ideia de ir até o centro da cidade ver o que se passava por lá e quem sabe assistir a um filminho no cinema, a este ponto você já deve ter percebido que eu sou solteiro e cheio de mania né, certo ponto para você que é mais descolado que eu, mas sigamos com minha história...Passando de carro pelas ruas da cidade eu pude ver como o ritmo das pessoas e das coisas funcionavam de maneira mecânica...o senhorzinho jogando carta na praça, pessoas apreensivas no ponto de ônibus, outras correndo para se encontrar com algum companheiro, o bebum observando tudo deitado em baixo de uma marquise de barriga para cima incrêdulo como as pessoas podiam passar e nem notar sua presença marcante, enfim observei muitos aspectos do cotidiano que em minha vida corrida eu nunca pararia para analisar. Como não havia nenhum filme no cinema que me agradou resolvi ir até o banco sacar um dinheiro e como se fosse uma grande prioridade na minha vida eu paguei um sanduiche para o moribundo que eu havia visto momentos antes e por incrível que pareça eu me senti super bem com isso. Voltei para casa com a esperança que meus pais já tivessem chego, doce ilusão, voltei a me aconchegar na pilastra e observar as estrelas que neste dia estavam deslumbrantes ou será que todos os dias lá estavam elas e eu dentro de casa não saia para as observar, meu mundo naquele instante parou, pensei  em como minha vida tinha sido abalada para sempre a partir do momento que eu esqueci minha chave e fiquei livre do lado de fora de casa.


Nós, seres humanos vivemos em um mundo turbulento e cheio de pequenos e grandes acontecimentos que nos na maioria do tempo nem paramos para observar ou sentir.


Façamos um movimento pare o que você está fazendo e só medite por uns poucos minutos, faça isso e vai se sentir melhor...eu agarantwo!

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