Eu ja caminhei muito por aí. Casei, separei, namorei, morei junto,
separei de novo. Fiz terapia sozinho, de grupo, corporal, li um zilhão
de livros, tive varios mestres, aprendi muito sobre a vida e me tornei
um cara diferente do normal. Isso não me fez perfeito e nem mesmo melhor
que os outros, mas me deu uma perspectiva especial da vida, do amor e
da liberdade. Eu nasci um cara que pensava preto no branco. Certo e errado. Vítima e
algoz. Tudo dividido no meio. Minha família toda era assim… Binária.
Mas quando saí de casa pra trabalhar e entrar em contato com o mundo
adulto, nada operava da forma como eu tinha imaginado. Havia muitos tons
de cinza, e eu me deparei com coisas dentro de mim que não se
encaixavam bem naquele mundo de certo e errado. Aos poucos, vi que as explicações que usava para descrever o mundo
eram rasas e escondiam mentiras. Meu desejo de justiça muitas vezes era
de vingança, apenas. A defesa forte de meus pontos de vista era uma
forma de não escutar. Meu instinto de liderança era um desejo de poder.
Percebi que eu nem sempre era politicamente correto como sempre afirmei,
ao me ver mais de perto. Menti, traí amigos, quebrei regras, desejava
outras mulheres que não a minha namorada… Meus instintos e
comportamentos me levavam a lugares obscuros, fora do mundo controlado
dos valores que recebera na infância. Eu não era o que achava que era, o
mundo menos ainda, e tomei um baita susto com isso.
O arquiteto Christopher Wren, encarregado da construção da catetral de londres, decidiu passear incógnito pelo canteiro de obras para ver como os pedreiros trabalhavam. Wren ficou pensativo enquanto observava três operários. Um trabalhava muito mal; outro, de forma correta; o terceiro, por sua vez, realizava seu trabalho com muito mais força e dedicação que os demais. Sem se conter, o arquiteto aproximou-se do primeiro e pergunto: - Boa tarde. o que o senhor faz? - Eu? - disse o pedreiro. - Trabalho de sol a sol, num serviço muito cansativo. Não vejo a hora de terminar. Depois foi até o segundo operário e fez a mesma pergunta: - Boa tarde. O que o senhor faz? - Estou aqui para ganhar dinheiro a fim de sustentar minha mulher e meus quatro filhos. Finalmente, Wren se dirigiu ao terceiro trabalhador: - Boa tarde. O que o senhor faz? - Estou construindo a Catedral de Londres, cavalheiro.